terça-feira, 15 de abril de 2014

Estaduais do interior...Pode isso?

Los 3 inimigoschrg0414


Em alguns Estaduais , sem sombra de dúvidas, este foi o ano do interior. Como bem explorou o nobre André Couto em sua crônica (leia aqui), diante do pífio desempenho de equipes de renome, déficit de público e desinteresse geral na competição, repetimos a cantiga da falência desses campeonatos e nos indagamos sobre a pertinência de sua realização.

Ainda que a questão continue sem solução, os campeões de São Paulo, Ituano em duelo com o Santos, e Paraná, o Londrina em disputa interiorana com o Maringá, obtiveram uma resposta particular em campo.Os Estuais serviram como êxito as suas torcidas na inexpugnável disputa com os grandes, quase todos, da Capital. Títulos que levantaram inúmeras críticas da mídia especializadas e aficionadas em geral, não sem razão. Afinal o abismo financeiro que separa os clubes nos certames regionais é tão ou mais impactante que aquele que separa as bilionárias potências europeias de seus pequenos conterrâneos nacionais ou de seus rivais sul-americanos (isso para não dizer africanos, asiáticos, entre outros). Exemplo disso é própria disputa do Mundial e Clubes, no qual o relativo desinteresse dos representantes europeus contrasta com o ávido apetite dos representantes sul-americanos, especialmente brasileiros. Um momento onde a lógica se inverte, o favoritismo muda de mãos e clubes tradicionais experimentam a sensação de ser considerados como possíveis zebras. Um jogo de escalas, enfim.

Entre as muitas críticas direcionadas aos estaduais a supressa com o sucesso de equipes menores, sobretudo em fases eliminatórias, acaba por negar um dos aspectos tão valorizado entre os apreciadores do esporte: a indeterminação. Ao colocar todo peso das conquistas sobre a ineficiência dos grandes, acabamos por desconsiderar a própria imponderabilidade do jogo. Em condições ideias, que vem se tornando cada vez mais frequentes, não há espaço para novos protagonistas. A centralização de recursos, da capacidade de angariar jogadores e aglutinar a atenção do público restringe-se o protagonismo da conquista a um número cada vez mais reduzido de equipes, obrigando os demais a conformarem-se com a posição de coadjuvantes permanentes. Quando algo acontece e a situação eventualmente se inverte, esvaziam-se as condições de realização e disputa do campeonato, bem como desmerece-se, mesmo que inconscientemente, o novo campeão. A determinação integra cada vez mais a própra integibilidade e valorização do jogo. Infelizmente, há cada vez menos espaço para que a célebre “caixinha de surpresas” seja aberta e nos mostre algo novo.

Comentários de Ernesto Sobocinski Marczal.